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domingo, 22 de julho de 2012

"Entre aspas: Explosões


"Não tenho nada a ver com explosões", diz um verso de Sylvia Plath. Eu li como se tivesse sido escrito por mim. Também não faço muito barulho, ainda que seja no silêncio que nos arrebentamos.

Tampouco tenho a ver com o espaço sideral, com galáxias ou mesmo com estrelas. Preciso estar firmemente pousada sobre algo — ou alguém. Abraços me seguram. E eu me agarro. Tenho medo da falta de gravidade: solta demais me perco, não vôo senão em sonhos.

Não tenho nada a ver com o mato, com o meio da selva, com raízes que brotam do chão e me fazem tropeçar, cair com o rosto sobre folhas e gravetos feito uma fugitiva dos contos de fada, a saia rasgando pelo caminho, a sensação de ser perseguida. Não tenho nada a ver com cipós, troncos, ruídos que não sei de onde vêm e o que me dizem. Não me sinto à vontade onde o sol tem dificuldade de entrar. Prefiro praia, campo aberto, horizonte, espaço pra correr em linha reta. Ou para permanecer sem susto.

Não tenho nada a ver com boate, com o som alto impedindo a voz, com a sensualidade comprada em shopping, com o ajuntamento que é pura distância, as horas mortas desgastando o rosto, a falsa alegria dos ausentes de si mesmos.

Não tenho nada a ver com o que é dos outros, sejam roupas, gostos, opiniões ou irmãos, não me escalo para histórias que não são minhas, não me envolvo com o que não me envolve, não tomo emprestado nem me empresto. Se é caso sério eu me dôo, se é bobagem eu me abstenho, tenho vida própria e suficiente pra lidar, sobra pouco de mim para intromissões no que me é ainda mais estranho do que eu mesma.

Não tenho nada a ver com cenas de comerciais de TV, sou um filme sueco, uma comédia britânica, um erro de adaptação, um personagem que esquece a fala, nada possuo de floral ou carnaval, não aprendi a ser festiva, sou apenas fácil.

Não tenho nada a ver com igrejas, rezas e penitências, são raros os padres com firmeza no tom, é sempre uma fragilidade oral, um pedido de desculpas em nome de todos, frases que só parecem ter vogais, nosso sentimento de culpa recolhido como um dízimo. Nada tenho a ver com não gostar de mim. Me aceito impura, me gosto com pecados, e há muito me perdoei.

Não tenho nada a ver com galáxia, mato, boate, a vida dos outros, os comerciais de TV e igrejas. Meu mundo se resume a palavras que me perfuram, a canções que me comovem, a paixões que já nem lembro, a perguntas sem respostas, a respostas que não me servem, à constante perseguição do que ainda não sei. Meu mundo se resume ao encontro do que é terra e fogo dentro de mim, onde não me enxergo, mas me sinto.

Minto, tenho tudo a ver com explosões.'

Martha Medeiros

Falam.

“Falam de tudo. Da moral, do comportamento, dos sentimentos, das reações, dos medos, das imperfeições, dos erros, das criancices, ranzinzisses, chatices, mesmices, grandezas, feitos, espantos. Sobretudo falam do comportamento e falam porque supõem saber. Mas não sabem, porque jamais foram capazes de sentir como o outro sente. Se sentissem não falariam.”

Nelson Rodrigues

Transparência...

"Ando tão preocupada com este mundo de pessoas "ocasionais". Ando tão triste com gente que só "precisa". Ando aborrecida com a falta de afeto e o exagero de interesse. Não me conformo com pessoas que amam tão rapidamente e esquecem cinco minutos depois. Com gente efusiva demais, que diz coisas sem pensar e depois não pode cumprir. Por gentileza não me falem de amor, seja que espécie for se não tiver intenção de me amar. Por amor, não me ofereça gentileza por momentos, nem amizades passageiras, tampouco amores vulgares. Não me elogie, não me dê afeto, se depois tiver a intenção de se ausentar. Se quiser gostar de mim, que seja de verdade. Ando querendo gente de verdade, porque verdadeira eu sou. Não quero mil, apenas uma meia dúzia já me basta, mas por favor não me ame apenas na segunda feira, ou quando eu estiver de bom humor."

Ita Portugal

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Matando Carpinejar: A Praga de Kafka

Matando Carpinejar: A Praga de Kafka: EPITÁFIO Sempre quis um endereço fixo. Homens são famosos por sua fantástica cegueira seletiva. Tateiam os produtos na despensa e na...

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Apego...


Acaso...

O acaso não existe. Quando alguém encontra algo de que verdadeiramente necessita, não é o acaso que tal proporciona, mas a própria pessoa; seu próprio desejo e sua própria necessidade o conduzem a isso. 


Hermann Hesse (Demian)

domingo, 8 de julho de 2012

Todo resto!!!

Certo e errado são convenções que confirmam-se com meia dúzia de atitudes.
(…)Todo mundo teoricamente de acordo, porém a vida não é feita de teorias. E o resto? É tudo aquilo que a gente mal consegue verbalizar de tão intenso? Desejos, impulsos, fantasias, emoçoes. Ora, meia dúzia de normas preestabelecidas não dão conta do recado. Impossível enquadrar o que lateja, o que arde, o que grita dentro de nós. Somos maduros e ao mesmo tempo infantis, por trás do nosso autocontrole há um desespero infernal. Possuímos uma criatividade insuspeita, inventamos musicas, amores e problemas e somos curiosos, queremos espiar pela fechadura do mundo para descobrir o que não nos contaram. Todo o resto.
O amor é certo, o ódio é errado e o resto é uma montanha de outros sentimentos, uma solidão gigantesca, muita confusão, desassossego, saudades cortantes, necessidade de afeto e urgências sexuais que não se adaptam as regras do bom comportamento.(…) Todo o resto é o que nos assombra, as escolhas não feitas, os beijos não dados, as decisões não tomadas, os mandamentos que não obedecemos, ou que obedecemos bem demais – a troco de que fomos tão bonzinhos? Há o certo, o errado e aquilo que nos dá medo, que nos atrai, que nos sufoca, que nos entorpece.(…) Todo o resto é muito vasto. É nossa porra-louquice, nossa ausência de certezas, nossos silêncios inquisidores, a pureza e inocência que nos mantem vivos dentro de nós, mas que ninguém percebe, só porque crescemos. A maturidade e um álibi frágil. Seguimos com uma alma de criança que finge saber direitinho tudo o que deve ser feito, mas que no fundo entende muito pouco sobre as engrenagens do mundo. Todo o resto é tudo aquilo que ninguém aplaude e ninguém vaia…
…porque ninguém vê.

 Martha Medeiros

As vitrines...

"É como um dia depois de outro dia
Abrindo um salão
Passas em exposição
Passas sem ver teu vigia

Catando a poesia
Que entornas no chão...

domingo, 1 de julho de 2012

Tempo!

"Algum tempo atrás, talvez uns dias, eu era uma moça caminhando por um mundo de cores, com formas claras e tangíveis. Tudo era misterioso e havia algo oculto; adivinhar-lhe a natureza era um jogo para mim. Se você soubesse como é terrível obter o conhecimento de repente - como um relâmpago iluminado a Terra! Agora, vivo num planeta dolorido, transparente como gelo. É como se houvesse aprendido tudo de uma vez, numa questão de segundos. Minhas amigas e colegas tornaram-se mulheres lentamente. Eu envelheci em instantes e agora tudo está embotado e plano. Sei que não há nada escondido; se houvesse, eu veria.''

-Frida Kahlo-

Amor própio


Quando me amei de verdade, compreendi que em qualquer circunstância, eu estava no lugar certo, na hora certa, no momento exato.
E então, pude relaxar.
Hoje sei que isso tem nome... Auto-estima.
Quando me amei de verdade, pude perceber que minha angústia, meu sofrimento emocional, não passa de um sinal de que estou indo contra minhas verdades.
Hoje sei que isso é...Autenticidade.
Quando me amei de verdade, parei de desejar que a minha vida fosse diferente e comecei a ver que tudo o que acontece contribui para o meu crescimento.
Hoje chamo isso de... Amadurecimento.
Quando me amei de verdade, comecei a perceber como é ofensivo tentar forçar alguma situação ou alguém apenas para realizar aquilo que desejo, mesmo sabendo que não é o momento ou a pessoa não está preparada, inclusive eu mesmo.
Hoje sei que o nome disso é... Respeito.
Quando me amei de verdade comecei a me livrar de tudo que não fosse saudável... Pessoas, tarefas, tudo e qualquer coisa que me pusesse para baixo. De início minha razão chamou essa atitude de egoísmo.
Hoje sei que se chama... Amor-próprio.
Quando me amei de verdade, deixei de temer o meu tempo livre e desisti de fazer grandes planos, abandonei os projetos megalômanos de futuro.
Hoje faço o que acho certo, o que gosto, quando quero e no meu próprio ritmo.
Hoje sei que isso é... Simplicidade.
Quando me amei de verdade, desisti de querer sempre ter razão e, com isso, errei muitas menos vezes.
Hoje descobri a... Humildade.
Quando me amei de verdade, desisti de ficar revivendo o passado e de preocupar com o futuro. Agora, me mantenho no presente, que é onde a vida acontece.
Hoje vivo um dia de cada vez. Isso é... Plenitude.
Quando me amei de verdade, percebi que minha mente pode me atormentar e me decepcionar. Mas quando a coloco a serviço do meu coração, ela se torna uma grande e valiosa aliada.
Tudo isso é... Saber viver!!!
Charles Chaplin

Relaxe!

De vez em quando esqueça tudo sobre sua sanidade, tudo sobre seus regulamentos, disciplina, comportamento controlado, e todos esses absurdos.

De vez em quando tire férias, relaxe e enlouqueça.

[Osho]

Amor é semente...

Todos os dias quando acordo, me encho desse sentimento que me nutre, aquece os meus dias e colore minha alma com essencias de flores.

Rego, cuido, para que forme raízes cada vez mais fortes e intensas.
Porque pra mim, amor é semente, e se bem cuidada, germina depressa.
Porque amor, precisa de mimos, de cuidado, afeto, atençao, colo, abraços, beijos apaixonados e olhares cúmplices.
Precisa de cafunés, e suspiros longos e leves.
Ele precisa existir todos os dias, dentro [e fora] de nós.
Precisa ser dito, escrito, gritado, falado, para todo mundo ouvir.
Porque quando ele transborda, nao há quem consiga conter-se na hora de falar dele. O amor, senhores, precisa de mãos dadas…


(Paulinha Leite)