No meu peito não bate um coração, reina uma montanha enorme feita de Caetano Veloso e capim rosa chá. Meu coração, no meio da noite, é um lounge neon. De dia é feito de tule de nuvem, janelas abertas e vento quente de verão. Meu coração é vermelho Carmim com Rebu da Risqué e que, ás vezes, descasca. Outras vezes é dark, darkésimo, com jaqueta de couro preta, humor negro, pensamentos soturnos, despenteados. Meu coração é feito de mesa de bar, rodeado por conversas de vai-e-vem. Também têm chá de maçã com biscoito de milho, frigideira vermelha e vinho barato com ansiolítico. Cabe cama na sala, sexo no chão do corredor gelado em dia nublado. O meu coração tem café da manhã sobre o lençol e o lóbulo quentinho da tua orelha entre os meus dentes. Guarda as tuas risadas e as nossas fotografias lomo saturadas. Meu coração anda de salto alto, bota campeira e pijama surrado. O meu coração é um sintoma do avesso. Cabe doçura, paciência, loucura e o brilho cintilante dos olhos teus. No meu coração cabe muito, só não cabe mentira mal contada, farelo de gente e vida pela metade. No meu coração cabem nós dois e, quem sabe até, uma penteadeira.
Josi Puchals
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