"Trago no olhar visões extraordinárias, de coisas que abracei de olhos fechados"... Florbela Espanca
sábado, 19 de maio de 2012
A tal da expressão.
Ando cansada desta gente purpurina, é muito glamour pra tão pouco sentimento.
Ando enjoada de rosa choque e risos sem gosto. Quero sentir a pulsação acelerada desta gente temperada de blush. Preciso entender a neura toda, são bocas delineadas por batom e lacradas pela insignificância de não saber o que dizer.
Quero enxergar aquela ruguinha no canto dos olhos e decifrar todas as vontades que se desalinham numa gargalhada de verdade. É tanto botox estragando a originalidade, que não sobra espaço para verdadeiras expressões.
E tem o tal do ácido hialurônico, virou febre Nacional. É claro que uso, não dispenso nenhum creminho, mas certamente não me foco na ilusão de ser perfeita. Tenho olheira de panda quando acordo e me qualifico no time das mal-humoradas. Rezo, canto e xingo feito louca no trânsito. Dou mais piti que criança mimada, mas acredito na força de vontade, melhoro sim a cada dia.
Tenho mania de jeans surrado com camiseta branca, sou normal e acho graça das minhas semi-sardas. Benditos sejam os tais “ácidos retinóicos e afins”, agora as danadas podem bordar brandamente meu rosto.
Peco normalmente quando fico rindo sozinha dos meus defeitos. Não tomo sol, aceitei ser lagartixa, tirem tudo de mim, mas não tirem meu filtro solar, não é luxo, é necessidade. Olha o câncer de pele aí gente.
É claro que sou vaidosa, toda mulher é, mas me permito ser livre de modas e crio intimidade com meus defeitos, ninguém é perfeito e, acredite, há muita beleza no que não pode ser visto.
Eu sou um porre de chata, mas muita gente me acha legal. Não uso máscara e tão pouco aprendi a ser sugada pelas minhas próprias frustrações.
Nasci mulher, por favor, não queira que me comporte feito a Barbie.
(Ju Fuzetto)
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