Se eu fosse escrever a minha biografia ela seria assim:
Caminho do stress a alegria com razoável facilidade, embora goste de bicicleta e vou de trem nos problemas. Não me deito sem esperança.
Viajo com Clarice Lispector, entretanto me assuste com as suas verdades. Queria ser a versão feminina de Gabito Nunes. Coisas simples me encantam, mas não sou lá muito simples. Dependendo da situação, falo rápido e resolvo mais rápido ainda as dificuldades. Sou esquisita e gosto de ficar sozinha. De modo geral sou às vezes falante, as vezes silenciosa. Não me afino com multidão, mas sou capaz de ficar em uma fila cheinha de gente para fazer uma ação solidária. Tenho memória ruim para algumas coisas, tipo: esqueço os nomes, as situações, nunca. Não vivo sem uma música, mas não gosto de qualquer melodia e sou capaz de citar uma música para cada época de minha vida. Sou notívaga. À noite tudo me deslumbra. Já me apaixonei várias vezes por Woody Allen e ele nunca soube, também morri de amores por Mel Gibson e convidaria para jantar: Keanu Reaves, George Cloone, Bryan Adams, embora eu ache que eles não iriam aceitar.
Tenho minhas neuras que a análise não resolveu porque cansei de ficar deitada falando para alguém que me dizia: já que falou o problema, agora temos a questão. Entendi que eu não ia melhorar sem ter que estudar Matemática, e sou ruim a beça em cálculos porque meu negócio é emoção.
Já magoei pessoas que amo e perdi algumas pela minha pressa em dizer as coisas. Tenho um espírito místico, mas não sigo doutrinas. Gosto do conforto, que para mim é bem diferente de luxo e ostentação. Conforto é um chinelão, uma camiseta larga, uma cama limpinha, um trabalho que me dê prazer. Adoro hortas, mas nunca plantei um pé de alface por pura displicência.
Amo o Teatro Mágico, Los Hermanos, gostava de Terça Insana. Tenho medo de palhaço porque acho que todos são tristes e a tristeza me amedronta.
Queria concluir meus cursos de línguas que comecei tantas vezes. Um dia ainda faço, mas meu inglês supera o I love you, meu italiano só compreende meia dúzia do que canta Andrea Bocelli e gostava de estudar alemão por causa do ruivo professor.
Tenho restrição a sujeitos melosos, conquistadores, orgulhosos e sem noção. Sou suavemente sarcástica (essa foi boa). A primeira vista não consigo esbanjar simpatia, embora eu seja uma pessoa afetuosa. Queria adotar uma menina, mas não iria à África como muitas celebridades, porque por onde ando já vejo muita gente pequenina precisando de um lar. Gosto do meu canto, sou apegada as minhas coisas, mas partilho com facilidade. Gosto de velas ,cheiros, incenso, o que não tem a ver com religiosidade.
Choro melhor sozinha, choro sem motivo e com motivo. Não tenho preguiça.
Tenho muitos defeitos, às vezes me antecipo nas coisas e me ferro sempre. Falo sozinha. Faço caretas para o espelho. Sou viciada em leitura e cinema. Gosto de humor refinado. Adoro rir. Leio crônicas. Gosto de filmes de guerra. Choro em filmes. Preciso continuar minha terapia e já falei sobre isso no parágrafo anterior. Tenho mil projetos e alguns mirabolantes. Fico com raiva de não concluir as coisas. Amo mais do que devia e o pior, quando amo, perco a razão, o rumo, o prumo. Se cozinhar bem fosse sinônimo de arrumar marido, eu tinha alguns pretendentes (Lê-se; adoro cozinhar), mas acho que cozinho bem. Gosto do espírito de criatividade e ouso em algumas coisas.
Gosto de homens elegantes, sensíveis e inteligentes. Tenho medo de sair sozinha a noite. Tenho medo de assalto. Sou desastrada. Tenho histórias hilárias. Sou engraçada. Preciso de alguém que me entenda. Tenho poucos amigos, mas fiéis amigos porque costumo conservar minhas amizades. Sou apaixonada por conversas, mas com pouca gente. Não me acho uma pessoa encantadora. Gosto da internet, mas tenho medo dos malucos que andam na rede. Adoro surpreender alguém especial. Tem dias não gosto de telefone e preferia que eles não existissem, outros dias, durmo com os meus ligados.
Perdi pessoas que amava e demorei aceitar. O passado às vezes me faz sofrer. Acho ruim “quando as coisas acabam”. Já quis um amor do meu jeito até que compreendi que cada pessoa é única, deixei então de sonhar. Não compreendo a morte. Amo até não me agüentar. Preciso ser conquistada. Não gosto de cobranças. Sou observadora. Escrevo sempre. Continuo achando que o medo afasta as pessoas umas das outras. Acredito que ser a gente mesmo, é muito difícil e nem todo mundo aceita. Penso que nos reinventamos com as experiências e que atingir maturidade e espiritualidade, é nosso maior objetivo. Tenho certeza absoluta de que relacionamentos é uma coisa mágica que Deus colocou para aproximar os homens. Creio piamente que o “ser humano” é a maior invenção divina.
O que sobra de mim, para o poeta é sonho, para a filosofia, utopia.
Ita Portugal
Caminho do stress a alegria com razoável facilidade, embora goste de bicicleta e vou de trem nos problemas. Não me deito sem esperança.
Viajo com Clarice Lispector, entretanto me assuste com as suas verdades. Queria ser a versão feminina de Gabito Nunes. Coisas simples me encantam, mas não sou lá muito simples. Dependendo da situação, falo rápido e resolvo mais rápido ainda as dificuldades. Sou esquisita e gosto de ficar sozinha. De modo geral sou às vezes falante, as vezes silenciosa. Não me afino com multidão, mas sou capaz de ficar em uma fila cheinha de gente para fazer uma ação solidária. Tenho memória ruim para algumas coisas, tipo: esqueço os nomes, as situações, nunca. Não vivo sem uma música, mas não gosto de qualquer melodia e sou capaz de citar uma música para cada época de minha vida. Sou notívaga. À noite tudo me deslumbra. Já me apaixonei várias vezes por Woody Allen e ele nunca soube, também morri de amores por Mel Gibson e convidaria para jantar: Keanu Reaves, George Cloone, Bryan Adams, embora eu ache que eles não iriam aceitar.
Tenho minhas neuras que a análise não resolveu porque cansei de ficar deitada falando para alguém que me dizia: já que falou o problema, agora temos a questão. Entendi que eu não ia melhorar sem ter que estudar Matemática, e sou ruim a beça em cálculos porque meu negócio é emoção.
Já magoei pessoas que amo e perdi algumas pela minha pressa em dizer as coisas. Tenho um espírito místico, mas não sigo doutrinas. Gosto do conforto, que para mim é bem diferente de luxo e ostentação. Conforto é um chinelão, uma camiseta larga, uma cama limpinha, um trabalho que me dê prazer. Adoro hortas, mas nunca plantei um pé de alface por pura displicência.
Amo o Teatro Mágico, Los Hermanos, gostava de Terça Insana. Tenho medo de palhaço porque acho que todos são tristes e a tristeza me amedronta.
Queria concluir meus cursos de línguas que comecei tantas vezes. Um dia ainda faço, mas meu inglês supera o I love you, meu italiano só compreende meia dúzia do que canta Andrea Bocelli e gostava de estudar alemão por causa do ruivo professor.
Tenho restrição a sujeitos melosos, conquistadores, orgulhosos e sem noção. Sou suavemente sarcástica (essa foi boa). A primeira vista não consigo esbanjar simpatia, embora eu seja uma pessoa afetuosa. Queria adotar uma menina, mas não iria à África como muitas celebridades, porque por onde ando já vejo muita gente pequenina precisando de um lar. Gosto do meu canto, sou apegada as minhas coisas, mas partilho com facilidade. Gosto de velas ,cheiros, incenso, o que não tem a ver com religiosidade.
Choro melhor sozinha, choro sem motivo e com motivo. Não tenho preguiça.
Tenho muitos defeitos, às vezes me antecipo nas coisas e me ferro sempre. Falo sozinha. Faço caretas para o espelho. Sou viciada em leitura e cinema. Gosto de humor refinado. Adoro rir. Leio crônicas. Gosto de filmes de guerra. Choro em filmes. Preciso continuar minha terapia e já falei sobre isso no parágrafo anterior. Tenho mil projetos e alguns mirabolantes. Fico com raiva de não concluir as coisas. Amo mais do que devia e o pior, quando amo, perco a razão, o rumo, o prumo. Se cozinhar bem fosse sinônimo de arrumar marido, eu tinha alguns pretendentes (Lê-se; adoro cozinhar), mas acho que cozinho bem. Gosto do espírito de criatividade e ouso em algumas coisas.
Gosto de homens elegantes, sensíveis e inteligentes. Tenho medo de sair sozinha a noite. Tenho medo de assalto. Sou desastrada. Tenho histórias hilárias. Sou engraçada. Preciso de alguém que me entenda. Tenho poucos amigos, mas fiéis amigos porque costumo conservar minhas amizades. Sou apaixonada por conversas, mas com pouca gente. Não me acho uma pessoa encantadora. Gosto da internet, mas tenho medo dos malucos que andam na rede. Adoro surpreender alguém especial. Tem dias não gosto de telefone e preferia que eles não existissem, outros dias, durmo com os meus ligados.
Perdi pessoas que amava e demorei aceitar. O passado às vezes me faz sofrer. Acho ruim “quando as coisas acabam”. Já quis um amor do meu jeito até que compreendi que cada pessoa é única, deixei então de sonhar. Não compreendo a morte. Amo até não me agüentar. Preciso ser conquistada. Não gosto de cobranças. Sou observadora. Escrevo sempre. Continuo achando que o medo afasta as pessoas umas das outras. Acredito que ser a gente mesmo, é muito difícil e nem todo mundo aceita. Penso que nos reinventamos com as experiências e que atingir maturidade e espiritualidade, é nosso maior objetivo. Tenho certeza absoluta de que relacionamentos é uma coisa mágica que Deus colocou para aproximar os homens. Creio piamente que o “ser humano” é a maior invenção divina.
O que sobra de mim, para o poeta é sonho, para a filosofia, utopia.
Ita Portugal
Ilustrações: Alice M. L
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